quinta-feira, 7 de novembro de 2013

“Quando um dj pode se achar ou ser chamado de profissional”

Na edição anterior, disse que trataria do tema: , vou apenas deixar claro alguns bons conselhos e conceitos da carreira. Antes de escrever sobre esse assunto fiz questão de entrevistar grandes profissionais do ramo, que só tiveram essa atividade a vida toda, para que todos pudessem ter uma ideia do que é ter uma carreira bem sucedida como DJ e poder ser chamado de um bom profissional. Sugiro a leitura dessas entrevistas, pois são grandes nomes do mercado. Podemos dizer que os dj´s entrevistados incluindo a mim mesmo, são de uma primeira geração de dj´s de festas, que no início não tinha nada de profissional, e que, por ser uma carreira nova, tinha muita resistência da sociedade em aceitar que “ser dj poderia dar certo como carreira e garantia de sucesso e possível sustento de uma família no futuro”. Dj nas décadas de setenta (início da era disco) e oitenta, eram aqueles que tocavam em boites e discotecas. As festas, os bailes de debutantes ou casamentos, eram na sua maioria realizadas com orquestras, bandas ou tecladistas. Foi nesse período que começaram a surgir os primeiros dj´s de festas particulares que não atuavam em discotecas ou boites. Mas é claro que esses dj´s de casas noturnas, eram os primeiros a serem contratados, uma vez que eles já tinham um lugar no mercado profissional, assim, os primeiros dj´s da época começaram a surgir, e graças a Deus estão ai até hoje. São vidas inteiras dedicadas a esse trabalho, e se resume a uma simples palavra: EXPERIêNCIA, é quando você tem a chance de ter estado e passado pela maioria dos tipos de eventos ou situações que se possa imaginar. É importante para quem está começando a carreira, saber que não basta apenas comprar um equipamento de dj para se achar ou passar a ser chamado de profissional. Vamos elencar rapidamente alguns tipos de eventos que existem: Festas infantis, festas de 15 anos ou debutantes, casamentos católicos, judaicos, ortodoxos, evangélicos, eventos corporativos, aniversários de 40, 50, 60 anos, bodas, as mais comuns, de prata (25), ouro (50) e diamante (60), formaturas, festas judaicas como Bah-Mitzvah, Bat-Mitzvah, festas das colônias portuguesas, italianas, etc, sem falar em festas com viagens por esse Brasil afora, a lista é interminável de tipos de eventos que existem e podem ser comemorados. Então não dá para quem está começando, se achar de cara um dj profissional, só porque fez alguns poucos eventos em dois ou três anos de mercado, porque simplesmente não tem experiência acumulada para isso. Um bom dj, deve ter idade suficiente para entender as músicas de todas essas gerações, e gostos musicais. É importante trabalhar como assistente de algum dj experiente para junto com ele ir adquirindo essa bagagem de mercado. Todos os dj´s entrevistados por mim e eu mesmo já fizeram grandes quantidades dessas festas elencadas acima. Quando se começa uma carreira de dj, deve-se levar em consideração, alguns fatores importantes como: você nunca mais terá um fim de semana com os amigos, nem com a namorada ou esposa, você não viajará mais com a galera, não terá mais réveillon com a família, vai ter que colocar terno e gravata para a maioria dos eventos (essa declaração vai para meu amigo pessoal Otavio TAW da Rastropop, - como foi difícil no início convencê-lo disso) vai ter que tocar música que não gosta, vai passar fome e sede durante horas, vai ter que ter carro para se deslocar para longas distâncias, ou vai passar um sufoco danado para chegar no evento, não terá hora para chegar em casa, os sábados e domingos simplesmente irão quase que desaparecer da sua vida, vai ter que estudar repertório desesperadamente de todos os ritmos para tocar tudo que foi falado acima em forma de animação, serão mais de 20 ritmos diferentes que você vai ter que conhecer bem a fundo para não errar durante a noite. Da música clássica a infantil, vale tudo. Você vai ter que ter muito preparo físico para ficar acordado de um dia para o outro, pois os eventos simplesmente se emendam da noite para o dia, não vai poder ficar doente nem passar mal, pois simplesmente não há substituto, e se você ainda quiser tocar numa casa noturna além dos sábados, você pode então considerar que nos feriados você estará sempre ocupado, incluindo ai também datas festivas como natal e carnaval, vai ter que entender de técnica para fazer as montagens dos sistemas de som e luz, ou pelo menos poder resolver algum problema que ocorra durante a festa, ou seja, a escravidão está ai firme e forte para você poder ser chamado de Dj profissional. No meu caso, eu tenho um escritório fora da minha casa, onde acontecem as reuniões com os clientes, de 2ª a 5ª, em qualquer horário, até a meia noite se for o caso, como já aconteceu algumas vezes. Nas sextas feiras começam as montagens do final de semana, indo direto até a última festa de domingo lá pelas 5 da manhã em media. E ainda o pior, já pensou aonde irá guardar todo esse equipamento de som e luz? Então depois de tudo narrado acima, e se você está começando, lembre-se de todos esses detalhes, venha com calma item por item, festa após festa, que com o tempo e experiência acumulada, você vai chegar lá.

Até a próxima edição.

Listas de Músicas

Esse artigo tem a intenção de tratar de um item muito importante e delicado sobre as pistas de dança. Os gostos musicais e pessoais dos casais que pretendem se casar. Não existem respostas exatas, o que temos são condutas a serem adotadas em cada situação. Vamos fazer esse artigo por perguntas, algumas respostas e suas considerações.

As perguntas seriam:

1. Os noivos devem sempre apresentar uma lista de músicas?

2. Nós Dj´s, devemos considerar essas listas bem vindas ou malditas?

3. Essa lista pode influenciar e atrapalhar o Dj?

4. Essa lista pode estar deixando claro que existe uma desconfiança no trabalho do Dj? “Será que esse DJ vai saber tocar o que nós queremos?”

5. Afinal de contas, mesmo havendo uma lista, o Dj como artista tem ou não tem carta branca para tocar o que quiser?

6. E quando a lista trata apenas do gosto pessoal do casal (ex: músicas de curtição) e se esquece que é uma festa com 300 convidados?

Essas são algumas perguntas que não tem resposta definitiva. Quando um casal prepara uma lista de músicas, espera-se que com coerência, significa querer dar um direcionamento à pista de dança de acordo com as suas vontades.

Com idades variando entre 20 e 25 anos, fica claro que a intenção é ser “sempre o mais animado possível”, por isso as listas são sempre muito atualizadas e parecidas umas com as outras em relação ao que toca nas rádios e nas discotecas.

Como os casais nessa idade estão numa faixa onde a turma toda tá casando, tenho recebido algumas listas herdadas de outras festas, o que gera uma lista enorme, com músicas que até nem tocam mais.

Uma festa de casamento abrange dos avós aos netos, e certamente essas listas não abrangerão a todos.

Então, os noivos devem apresentar a lista? Sim devem, e eu particularmente concordo, mas é bom que fique claro, que essa lista é apenas um pouco do gosto musical do casal, jamais deverá ser uma obrigação para o Dj até para não influenciá-lo. A lista deve ser apresentada com a ideia de ser “sempre a mais animada possível”, e todos os meus colegas dj´s vão dizer “mas nem precisava, isso aqui eu já iria tocar mesmo”. O Dj contratado deve ter sim carta branca para tocar o que quiser, desde claro que tenha bom senso para saber o que é bom e o que é ruim. O Dj, deve ter total conhecimento do repertório que possui, assim ele terá um leque enorme de músicas para tocar e agradar a todos os convidados. Mas se durante a noite, mesmo com a pista bombando o casal for lá no som e disser - “ Toca as músicas da nossa lista agora”- como uma ordem, fatalmente estará acontecendo os seguinte: a pista estará bombando, a festa animadíssima e o Dj terá tocado pouquíssimo da lista. O casal poderá achar que a lista deles “feita para ser muito animada” se encaixará bem naquele momento. Pode ser que sim e pode ser que não. Vai depender da habilidade do DJ em querer ou poder tocar a lista desejada. E se o DJ não quiser e disser ao casal: “agora não dá, estou com outro tipo de repertório, só mais tarde”. E o casal retruca e diz: “mas a festa é nossa e queremos agora”. Esse fato pode ocorrer. Como conciliador que todo dj dever ser, sugiro que ambas as partes tenham um pouco de sensibilidade e entrem num acordo naquele momento. Nem as músicas da lista devem ser tocadas naquele momento para não cortar o que está dando certo, nem o Dj deve demorar tanto a atender ao casal, assim evitaremos duas frustrações. A radicalização das partes não levará a nada e ainda criará um clima ruim dentro de uma festa que é para ser “a mais animada possível”. Conclusão: as listas devem ser apresentadas com coerência, o repertório deve abranger todos os convidados, ela não deve ser uma obrigação, o DJ não deve se deixar intimidar pela lista, e o bom senso deve imperar na hora da festa.

Algumas situações interessantes por quais eu já passei: Uma vez recebi uma lista enorme onde o casal colocou tudo o que eles ouviam em momentos de curtição entre eles e os amigos. Claro que aquela lista não se prestava, músicas de curtição não são músicas de pista de dança, isso tem que ser esclarecido sempre ao casal, e não toquei nada.

Outra lista enorme de um casal de roqueiros, mas só eles roqueiros na festa toda, e pior a lista tinha a segunda linha do rock e que não se prestava em nada na festa. Nesse caso o noivo era muito insistente, ele estragou a própria festa mas adorou.

Numa outra situação um casal veio com a relação da festa pronta, na ordem que eles queriam, eles foram honestos e disseram que seria daquele jeito que eu não me preocupasse. Nós gravamos vários cd´s na sequência pré determinada. Coloquei um operador de som que nem era dj, e deu certo.

A Essência da Carreira do Dj

 

Nessa nossa edição vou tratar de um assunto que muito me incomoda, mas mostra uma dura realidade dos novos tempos. Afinal “Qual a Essência para ser DJ?” Quando a carreira teve seu início nas décadas de 60/70 os Djs ficavam em cabines de som nas suas respectivas Boites ou Discotecas, sem se preocupar com nenhum item técnico a não ser produzir boas mixagens, que é na essência, a sua arte, a arte de discotecar. Não tinha a menor chance do Dj ficar programando luzes e efeitos na hora da apresentação, sempre haveria de ter alguém para fazer isso para ele. Quando comecei na década de 70, o equipamento de som era esse ai, dois toca discos, um amplificador, 2 caixas de som, um tape deck. Já na iluminação, essa era montada a base de pastilhas, que faziam as lâmpadas piscarem sozinhas, ou, se rolasse uma grana a mais, um aparelho sequencial, talvez um globo espelhado e uma lâmpada de luz negra, esses eram os efeitos da época, que, aliás, acabaram de ser ressuscitados com força em pleno ano 2013, mas ai já é outra história, tudo que é “retrô” tema a sua chance. Nesse período da era Disco, foram surgindo as grandes equipes de som que produziam os eventos nos clubes como a Furacão 2000 que é a maior até hoje, aliás tive o prazer de tocar algumas festas de aniversário para o dono Rômulo Costa na casa de festas Espaço 45 na Barrinha que foram o maior sucesso. Eis e o que eu questiono sobre a essência da carreira de Dj. Os Djs das equipes de som e os Djs de música Eletrônica, que não são donos dos equipamentos nem de som nem de luz, e que são apenas Djs de carreira, tocam numa produção técnica de som e luz pré-definida para eles. No nosso caso do mercado de festas particulares, não tem jeito, temos que montar toda a estrutura de som e em alguns casos de luz também. Não consigo entender como alguns que se dizem djs saem oferecendo pista de dança, cabine de fotos, escola de samba, filmagem e ainda um monte de serviços dentro de um “pacote” onde tudo se originou a princípio no serviço de DJ. Como se concentrar em tantos serviços e ainda achar que tudo irá dar certo quando você deveria estar concentrado na pista de dança??? É claro que a questão não é de quem oferece, mas de quem contrata todos esses pacotes de um DJ achando que tudo vai dar certo sempre. A verdade é simples, e a experiência mostra que quanto mais o profissional for especializado no produto/serviço, mais profissional será o resultado. Ok, dou minha cara a tapa pois já tive tudo isso. Mas é importante ser dito, e vocês não fazem ideia do que é ir discotecar um evento e o telefone não parar de tocar o dia inteiro com reclamação de todos os lados com os serviços que você simplesmente não domina. É a luz decorativa que não finalizou na hora, o telão que ainda não chegou, a pista de dança que ficou fora do lugar, ou seja, um verdadeiro inferno na sua vida. O som onde eu domino profundamente simplesmente ficava em 5º lugar, era tocar sob pressão sem nenhuma concentração só apagando incêndios, um verdadeiro horror, foram anos assim. Hoje, com toda a consciência do mundo, reconheço que a melhor coisa é a parceria com profissionais que você respeite e recomende sem querer atravessá-los. Amigos de mercado que fazem esses trabalhos bem feitos como Wilson da Top Light, Japiassú, Two Lights, M2, Prallon, Rafael Hallake entre outros, cada um na sua área. As vezes são estruturas enormes que por ser dj chega a ser ridículo querer oferecer absolutamente tudo de uma produção, sem esquecer os decoradores e produtores que devem sofrer horrores com esses contratos malucos. Pena que os contratantes até por uma questão de comodidade dão vazão a esse tipo de contrato. Sou da geração dj de som e luz de pista, apenas, e alguns que já entrevistei aqui continuam nessa linha com toda a razão vendendo somente seu trabalho como dj. Seria isso uma evolução do mercado ? O mercado contratante que seja o próprio julgador dessa historia.